O lado invisível do vício digital que poucos falam: cor e dopamina

Apenas uma provocação de um designer comum

Já percebeu que quase ninguém fala disso de forma aprofundada?

Falar sobre “reset de dopamina” é um tema comum nas redes sociais, com diversos vídeos no YouTube e afins…

“Fique 24h sem celular…”

“Fique 7 dias longe de todas as redes…”

“Fique 48h fazendo nada…”

Quem nunca viu vídeo assim, né?

Mas quase ninguém toca num dos gatilhos mais fortes do vício digital: as nossas queridas cores.

  • Cores saturadas
  • Contraste alto
  • Botões vibrantes
  • Notificações vermelhas
  • Feed cheio de estímulo visual

Tudo isso é projetado pra te prender.

E eu, como UX Designer comum, que trabalha principalmente com marketing, sei exatamente como isso funciona. Porque nós, designers num geral, aprendemos desde cedo como guiar a atenção das pessoas.

E aqui começa um dilema que pouca gente fala na nossa área:

Até onde vai a responsabilidade do design em estimular? E onde começa a exploração?

Eu, pessoalmente, sempre tento projetar experiências mais claras, mais leves, mais centradas no usuário. Mas, na prática, adivinha o que escuto com frequência?

  • “Que tal deixar esse botão mais chamativo?”
  • “Usa uma cor pra dar mais contraste.”
  • “Tá muito pastel, deixa mais vibrante.”

E sim, fazer isso, funciona.

  • Porque ativa dopamina.
  • Porque ativa ansiedade.
  • Porque ativa FOMO.

Funciona? Claro que funciona. As grandes empresas já sabem disso há décadas.

Mas… a que custo?

Eu, como designer (e como usuário com TDAH, que prefere não tomar medicamentos, que sente na pele o peso desse vício digital), isso me faz refletir muito:

  • Como projetamos experiências que sejam eficazes, mas não exploratórias?
  • Como criamos interfaces que conversem com o cérebro, sem sequestrar ele?
  • Dá pra equilibrar conversão, negócio e ética?

Spoiler: Dá sim.

Mas exige mais do que seguir tendências de UI. Exige entender comportamento humano, neurociência, psicologia e ter coragem pra defender boas práticas.

E, claro, saber que algumas batalhas você vai sim perder. Infelizmente. Mas faz parte do jogo.

E sim, tô escrevendo isso como reflexo de uma mudança que estou aplicando não só nos meus projetos, mas na minha própria vida:

  • Desativei notificações.
  • Coloquei o celular em monocromático.
  • Mudei a arquitetura da minha própria atenção.

E talvez esse seja um tema que eu leve adiante, como artigo, como case, como reflexão de design aplicado à vida real. Porque no fim das contas, UX não é sobre telas. É sobre comportamento.

E sim, isso vale para produtos. Vale para negócios. Mas vale, principalmente, pra nossa própria relação com o mundo digital.

Você já tinha parado pra pensar nisso?

print da tela de aplicativos de um celular, em tom monocromático
O único lado ruim de manter as cores em monocromático, é na hora de tirar fotos, sejamos sinceros.

Sobre Mim

Sempre fui movido por curiosidade. Desde criança, meu passatempo favorito era  entender como as coisas funcionam e desmontar objetos. Na adolescência, adorava discutir qualquer assunto, de ciências a filosofia.

Minha primeira formação foi em Segurança da Informação, mas logo percebi que meu lugar estava no design, onde tecnologia, comunicação e estratégia se encontram.

Comecei no design gráfico, mas foi no UX Design que encontrei a intersecção perfeita entre criatividade e método científico. Hoje, ajudo empresas a transformar experiências digitais confusas em jornadas claras, objetivas e focadas em conversão.

Meu processo combina pesquisa, dados, comportamento, copywriting e design estratégico. Sempre com um foco: tornar o complexo em simples, e o confuso, em funcional.

Foto do Designer Floriano Silva

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